1 de novembro de 2014

“A Maternidade do Antena acabou com a minha vida e família”, afirma viúvo de Angélica, morta após parto seguido de laqueadura

Já se passaram 2 meses e meio que Angélica Gomes de Oliveira, 25 anos deixou 4 filhos e marido, jovem assim como ela.  O tempo não apaga a dor do viúvo, Peter Dias Arcari, 26 e nem diminui a incansável luta por justiça. Ele desabafa com lágrimas nos olhos “que a Maternidade do Antena acabou com a sua vida e família” e denúncia que o médico Dr. Hélio, da UBS Santa Cecília, que acompanhou todo o pré-natal da jovem não autorizou a laqueadura seguida do parto, só depois de 25 dias – a Lei do Planejamento Familiar determina 42 dias - e alega que sua esposa faleceu devido a anestesias e não por qualquer problema de saúde.

“O Dr. Hélio não autorizou e o médico que fez o parto na sequência já realizou a laqueadura que é proibida por lei, logo depois do parto. Assim que o médico fez a laqueadura nela, ela começou a gritar ‘ai minha cabeça, está doendo’ e sofreu a parada cardiorrespiratória. Eles estão totalmente fora da lei”, afirmou.

Peter ressalta que depois de uns 40 minutos que viu sua esposa na maca já morta foi chamado pelo médico que leu o prontuário afirmando que “leu de cabo a rabo e não identificou o que tinha acontecido com a menina porque ela não tinha nenhum problema de saúde”. Segundo ele “falta capacidade nos profissionais da Maternidade”. Por fim, afirmou “que nada tira da sua cabeça que eles podem ter adulterado o prontuário, já que foi escrito a mão”.

Angélica estava cheia de sonhos e em plena reforma na casa onde morava com Peter e seus filhos, há 10 anos. Ela foi submetida à cesariana e logo na sequência à uma laqueadura na Maternidade do Antena. O bebê sobreviveu, porém ela acabou falecendo no dia seguinte (20 de agosto) no Hospital Geral do Pirajuçara, para onde foi transferida após ser reanimada de uma parada cardiorrespiratória.

A reportagem do blog “A Notícia em Questão!” entrou em contato com a Assessoria de Imprensa da Prefeitura na última sexta, pedindo informações de como andam as apurações referentes ao parto de Angélica, que culminou em sua morte, porém até o fechamento da matéria, não obteve retorno.




O que diz a Lei?
A Lei do Planejamento Familiar (Lei 9263/96) restringe a realização de ligadura de trompas (laqueadura) a casos em que a mulher já tenha sido submetida a sucessivas cesarianas ou quando a exposição à segunda cirurgia representar maior risco para sua saúde. Nesse caso, a indicação cirúrgica deverá ser atestada por dois médicos. A Lei também determina que a grávida é obrigada a esperar 42 dias após o parto – inclusive no caso de cesariana –, para fazer a laqueadura, mesmo com indicação médica.

Visita da Globo

Os casos de negligências médicas que resultaram em mortes nos últimos meses na Maternidade e Pronto Socorro do Antena e Unidade de Pronto Atendimento (UPA Akira Tada), divulgados especialmente pelo blog “A Notícia em Questão!” tiveram grande repercussão e serviram de pauta para matéria do Bom Dia Brasil da Rede Globo. A equipe da emissora esteve em Taboão da Serra na última quarta-feira (29), para conferir cada um dos casos e ainda questionar a secretária de Saúde, Raquel Zaicanner - relembre aqui.


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