Nas ruas dos bairros Parque Pinheiros, Saporito e Santo
Onofre o medo de contrair a dengue é visível. Mal podem ver um mosquito, que já
ficam com medo. Em meio ao calor dos últimos tempos, os mosquitos tendem a se
proliferar e fazer suas vítimas, por isso os mais prevenidos carregam na bolsa
um repelente, outros se arriscam com roupas curtas e bermuda, no caso dos
homens. A reportagem esteve em ruas dos três bairros, nesta segunda-feira (5) e
só em um dos quarteirões visitados, da Laurita Ortega Mari, contabilizou oito casos,
sendo três da família do noivo da jovem que faleceu vítima da doença, Bruna Maioli,
de 23 anos (relembre
aqui e
aqui). A travessa Esplanada já tem 4 vítimas.
“Aqui está cheio de mosquitos. Eu fui picado pelo da dengue
aqui trabalhando na minha doceria. O médico disse que tive sorte de não morrer,
como a Bruna, porque minhas plaquetas estavam baixas e por pouco não tive hemorragia.
Demorou uma semana para melhorar, mas fiquei internado todo esse tempo”, disse
Francisco de Paula.
Comerciantes do local relataram que todos os dias escutam
comentários de pessoas que pegam dengue, “graças a Deus não peguei”, disse
Rosa. Ela afirmou que jovens passaram na última sexta pelo local, colhendo
assinaturas para um abaixo assinado, pedindo providências da prefeitura, afim
de eliminar com os possíveis focos da doença.
Moradora da rua Rosa Providencial Delgado, também no Parque
Pinheiros, comentou que há vários casos da doença, segundo constatou a
reportagem. “Tem muitos casos de dengue só aqui nessa rua. Meu marido quase
morreu. A prefeitura veio até aqui, mas só dedetizou de um lado da rua”, relatou
Elisangela Lins de Araújo.
O mesmo acontece na rua Virgínia Plascidina da Conceição.
“Os casos são de ponta a ponta na rua. Muitos vizinhos meus pegaram. Só em
casa, eu, minha filha e duas sobrinhas pegamos a dengue. Por isso, não acredito
nesse número passado pela prefeitura e na afirmação de que não há necessidade
de pânico nos jornais”, disparou Cristiane Manoel Jesus Martins de 34 anos.
De acordo com ela, como a prefeitura pode passar esse número
de 56 casos, “se só na sua rua são mais de 20?”, questiona. “Estão escondendo
os casos e ainda não orientam a população. Quando estava com dengue, fui no
Antena falou que era garganta, nem me falaram da necessidade da sorologia”,
afirmou. Segundo ela, o bairro não tem agente comunitário e a prefeitura “não
limpa a tempos dois terrenos baldios próximos dali, que estão cheios de
garrafas, pneus e pode ser um foco”, completou.
Valdete Alves, seguiu afirmando que a prefeitura nada faz
para acabar com os possíveis focos. “Tem um terreno baldio (de uma empresa) ali
na Ibirama, Santo Onofre e o mato está ultrapassando até os muros. Tem pneus
ali, garrafas, água acumulada. Com medo da dengue os moradores chegam a queimar
lá dentro, por isso ficamos até sem luz e telefone, mas dá pra entender a
atitude deles, já que a prefeitura que já foi chamada, não vem aqui”, reclamou.
Há casos de dengue espalhados por vários bairros da cidade,
entre eles o Laguna, Clementino e Record, Marabá, Panorama e Centro da cidade.
De acordo com matéria da rede Bandeirantes, 9 casos foram registrados na rua
Levi de Souza e Silva. O repórter da emissora foi picado enquanto fazia
matéria, segundo ele. “Foi em uma reportagem em Taboão da Serra e o mosquito me
picou. Metade do quarteirão está com a doença”, detalhou o jornalista do Brasil
Urgente.
O blog
A Notícia em Questão! foi o primeiro da região a mostrar que
os hospitais (UPA, PS´s) da cidade, estão lotados com vítimas da doença. A
espera por atendimento chega a ser de 9 horas e o exame especifico para
diagnosticar a dengue, demora em média 10 a 15 dias - reveja
aqui.
Também foi divulgado com exclusividade por nós, os diversos
pontos de possível proliferação do mosquito, entre eles terrenos baldios e
piscinas abandonadas.
Dados oficiais sobre a dengue no município
A Prefeitura de Taboão da Serra esclarece que existe uma diferença entre “Casos confirmados” e “Notificações de Casos”. De acordo com o Departamento de Vigilância Epidemiológica, no município até o dia de hoje foram confirmados 56 casos de dengue, dos quais 45 são autóctones (do próprio município) e 11 importados. A confirmação só é feita após a devolutiva do exame sorológico, cuja análise é feita pelo Instituto Adolfo Lutz. Segundo o Ministério da Saúde para a caracterização de surto são necessários 252 casos confirmados.
Porém, independente do resultado das sorologias realizadas, o município está tratando cada caso suspeito como se fosse confirmado. Dos 56 casos confirmados, 100% das residências já foram “bloqueadas”. Quanto as Notificações de Casos, 60% dos locais já foram vistoriados e bloqueados.
Quando acompanhamos a evolução dos casos de dengue em nossa cidade verificamos uma diminuição dos casos suspeitos a cada semana. Na semana epidemiológica número 15, nosso coeficiente de incidência era de 9,5 e na semana 16, que encerrou em 22 de abril, este coeficiente caiu para 3,2.
A Prefeitura de Taboão da Serra está, neste momento, em alerta quanto à situação da dengue em toda a nossa cidade. O aumento do número de casos notificados e confirmados é uma realidade e a Secretaria Municipal de Saúde não tem medido esforços para minimizar a possibilidade da ocorrência de uma epidemia como ocorre em outros locais do Estado de São Paulo e de todo o país, conforme amplamente noticiado nos veículos de mídia nacional.
A estratégia utilizada para redução dos riscos de transmissão engloba ações de orientação da população quanto a criadouros do mosquito como vasos de plantas, caixas d’água, pneus e outros. Estas atividades são realizadas durante todo o ano através da visita de agentes da Zoonoses. Palestras na comunidade e panfletagem com abordagem do tema também constituem um importante elo de ação preventiva.
Por último, gostaríamos de salientar que a situação da dengue em nosso município está sob controle dos órgãos responsáveis. Embora haja um aumento, esperado para esta época do ano, a doença permanece restrita aos locais citados e não há necessidade de pânico. A expectativa é que com a chegada do inverno, e consequente diminuição da reprodução do mosquito que é sensível ao frio, haja também a diminuição dos casos de dengue.