A dor em perder móveis, comidas, documentos e até animais de
estimação, como um cachorrinho recém-nascido, motivou moradores da avenida Cid
Nelson Jordano, altura da quadra do São Judas, a protestar no início da noite
desta terça-feira de Carnaval, dia 4. Eles usaram restos dos móveis perdidos e
uma caçamba de entulho na qual foi virada e serviu de palco para o manifesto. Álbum completo aqui.
Devido à chuva forte o córrego Ponte Alta transbordou e
invadiu mais de 100 residências. Nas casas que beiram o córrego a água atingiu
cerca de um metro e meio. Os veículos que estavam na garagem ou passando pela
via também foram tomados pela enxurrada.
Os moradores do local contaram que essa é a 3ª enchente que
enfrentam só neste ano. Dona Alaíde Feliciano Ribeiro de 44 anos contou para a
reportagem que mais uma vez perdeu todos os seus móveis e alimentos. Ela estava
limpando a residência quando chegamos. “Cai o guarda-roupa direto, o colchão
fica ensopado. Como
não tenho dinheiro compro os móveis usados, não vale a pena comprar novo, já que
essa não é a primeira vez que alaga”, disse.
Odimar Lins Almeida de 39 relatou que todo ano essa época
[de Verão] entra água nas casas e elas acabam cedendo. “Por falta de
escoamento, na minha casa, entrou água até pelo ralo do banheiro”. O fiat Uno do
trabalhador, Nelson Souza Silva, 50, morador do bairro Jardim Record ficou até
o teto repleto de água. No momento da enchente, suas duas filhas de 9 e 11 anos
estavam dentro do carro. Ele passava pela via quando a avenida se transformou
em um rio. “Tinha ido até o supermercado para comprar um refrigerante, em menos
de minutos, a água tomou o carro. Graças a Deus o pessoal da empresa ajudou a
tirar minhas filhas de dentro”, desabafou.
A residência de Carlos Roberto Moreira dos Santos é uma das casas que estão cedendo
devido aos constantes alagamentos. “Se pudesse saia daqui, mas não tem outro
jeito. Para cair é fácil”, comentou. O morador
Donizete Aparecido Reis observou que pela via passam três córregos e devido a
tubulação pequena a água retorna do esgoto. Ele ressaltou ainda que as raízes
das árvores, no meio da via, também acabam entrando na galeria e não tem por
onde a água sair. “Moro a 500
metros daqui e mesmo assim minha casa foi invadida pela
água”, disse.
O Coordenador da Defesa Civil da cidade, Mário Gomes disse à
reportagem que os moradores contam que as enchentes acontecem há algum tempo
após obras realizadas pela Sabesp, “a metade do cano entupiu e a água volta causando os alagamentos”. Ele então teria se
comprometido a acionar representantes da Sabesp para uma solução rápida. A
secretária de Assistência Social, Arlete Silva esteve no local. Ela trouxe para
os moradores kit higiene, limpeza, lanches e colchões.
A polícia militar e guarda municipal estiveram no protesto.
Um segundo manifesto também aconteceu na avenida Laurita Ortega Mari, também
devido ao alagamento da via com a estrada Benedito Cesário de Oliveira. Veja
matéria completa dos alagamentos aqui.
Moradores da rua Isabel Sória Mainardes com a avenida Cid Nelson
Jordano quase perderam guarda-roupa, cama, computador, sofá e frigobar, na hora
da enxurrada não tinha ninguém em casa, segundo a moradora, Evelyn Caroline.
“Depois de um final de semana maravilhoso com minha família
e amigos na Cidade de São Roque, chego em casa as 17:55 desta terça encontro
minha casa com mais de um palma
de água da chuva, isso porque a 15 dias atrás também encheu. Solicitamos a
limpeza dos boeiros da Av. Cid Nelson Jordano com esquina a Rua Isabel Soria
Mainardes na Secretaria Municipal de Manutenção e Obras e no Gabinete de alguns
Vereadores. Resultado nada foi feito. Essa é nossa querida Taboão da Serra que
durante 13 anos ajudei a construir. Palavras que restam vergonha, indignação”,
desabafou André Ribas.
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