25 de novembro de 2013

Incêndio de ônibus e morte de garoto causam discussões sobre segurança em Taboão

O medo que predomina entre os moradores dos bairros Jardim Panorama, Santa Cruz e adjacências em Taboão da Serra faz desta segunda-feira (25), um dia tomado por terror. Até mesmo toque de recolher faz parte da rotina deles no dia de hoje. Andar de ônibus também causa temor, já que em menos de doze horas, dois coletivos foram incendiados por um bando de criminosos. A violência generalizada causada por eles, teria sido motivada após a morte de um adolescente, de 16 anos, durante abordagem feita por um policial militar, no começo da noite do último domingo.

Tamanha violência levanta discussões relacionadas ao preparo policial na maneira como é feita uma abordagem e ainda, até quando há justificativa para atear fogo em ônibus, quando o assunto é reivindicar ou agir com represália. Qualquer ato legítimo de luta pelos direitos é válida, porém acompanhado de violência, só acaba chamando atenção por vandalismo. Quanto ao policial deve cumprir o seu papel diante da sociedade, que é de coibir a violência, nos tramites da lei, sem criar mais violência e responder pelos seus atos.

A cidade de Taboão da Serra apresentou queda de 21 casos de homicídios dolosos entre janeiro e outubro deste ano, se comparado ao mesmo período do ano passado. As estatísticas do mês de outubro da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, divulgadas nesta segunda, demonstra que em 2013, 16 ocorrências desta natureza foram registradas, em contrapartida, no ano anterior 37.

O que motivou a morte do rapaz, de nome Vítor, divide opiniões e ainda, tem duas versões, segundo testemunhas, familiares e policiais militares. “Ele estava na garupa de uma motocicleta, com outro menino, os policiais da Rocam deram ordem de parada, Vítor desceu e retirou o capacete, momento em que foi alvo de dois tiros contra a sua cabeça”, conta a primeira versão.

Segundo o capitão Rogério, os policiais disseram que durante a abordagem um dos dois suspeitos estava armado com um simulacro (arma de brinquedo) e que o jovem teria tentado atirar contra um dos policiais. Questionado onde estaria a arma, ele apenas informou que se encontrava com a autoridade de plantão (o delegado).

A morte do rapaz chocou familiares e amigos, além disso, veio acompanhada por pedidos de justiça. Sem contar nas promessas de que novos atos de violência serão praticados como forma de represália a morte de Vítor.

“Essas ondas alarmantes de assaltos e intolerância em Taboão da Serra especificamente no Pq Maraba só demonstram que a cada dia mais nos tornamos reféns da impunidade e do descaso. Aqui mais tá parecendo um campo de guerra. Aí surge a pergunta. Que mundo deixaremos para nossos filhos, pois esse mundo está a cada dia virando uma grande ameaça para a vida e segurança deles!”, comentou a moradora Juliana Nascimento.

“Ninguém em sã consciência é a favor de pôr fogo em ônibus, no entanto, só quem conhece a dor de perder um amigo, um parente ou mesmo um vizinho após uma ação covarde de quem deveria defendê-lo, pode compreender a raiva derramada pelos jovens do Jardim Panorama”, disse José Afonso.

Essa não é a primeira vez que atos como o registrado fazem moradores da cidade reféns de criminosos em plena luz do dia, ou ainda, que jovens são vítimas de disparos efetuados pela polícia. Oito pessoas teriam sido mortas após assassinato de policial entre os dias 8 e 9 de outubro de 2012. Ninguém foi preso na ocasião, já neste domingo, o policial suspeito foi detido e encaminhado ao Romão Gomes.

“O policial deve ser preso e pagar pelo crime brutal que cometeu, porém o ódio e a raiva da população não podem ser manifestados com a destruição do transporte público e de patrimônio público”, justificou Ronaldo Antônio.

Ônibus incendiado nesta tarde (Foto/Divulgação: José Afonso)

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