26 de janeiro de 2014

Solidariedade leva esperança para famílias atingidas por enchente em Taboão

A solidariedade transformou o último sábado (25) para algumas famílias dos bairros Jardim Clementino, Leme e Silvio Sampaio, em um dia alegre, de esperança e incentivo para recomeçarem novamente suas vidas, após perderem tudo, que conquistaram com anos de trabalho na tempestade da última quarta-feira (22) em Taboão da Serra. Relembre aqui, aqui e aqui.

O cenário de destruição e desolamento das famílias deu lugar a novos semblantes com sorrisos, agradecimentos e confiança de que a limpeza do córrego Pirajuçara, iniciada pela Prefeitura após a inundação, de fato irá evitar mais enchentes e tragédias como a que marcou a vida deles.

As famílias receberam cestas básicas, kits com guloseimas para as crianças, roupas e materiais de limpeza, além de colchões e conjuntos de cama, mesa e banho. Antes da entrega, feita em comboio por cerca de 30 pessoas, muito trabalho e dedicação foram as ferramentas principais para a arrecadação de uma grande quantidade de donativos e a montagem dos kits.

O evento “1º Mutirão do Jardim Leme e Região” foi criado na rede social Facebook. Na página 365 pessoas confirmaram presença, porém somente 30 compareceram. Apesar disso, o brilho da solidariedade e amor ao próximo não se apagou, pelo contrário reascendeu.

As visitas e os relatos comoveram bastante. Em cada residência era notável a tristeza das famílias, o olhar desolado e o semblante cansado de tantos dias de limpeza, das casas que ficaram tomadas por água, galhos, folhas e muita lama. O cansaço se resumia também em amontoar os móveis, eletroeletrônicos e roupas que foram perdidas na enxurrada. A dor marcou cada ação deles.

Dona Aurenita Ferreira Santos de 56 anos estava tentando lavar as paredes de sua casa até a tarde deste sábado. A força da água que invadiu o local foi tamanha que arrastou os móveis prensando ela e seus familiares contra a parede, além de ter quebrado a vidraça, portas e abalado à estrutura da casa. A altura da água chegou a ficar no pescoço das vítimas e desesperou a todos da família.

“Os vidros explodiram. A porta do banheiro quebrou e a da cozinha voou. Tudo dentro de casa caia e com a força da água, nos prensava no canto, não tivemos saída. As paredes tremiam. Era como se fosse um redemoinho. Uma sensação horrível”. “Na primeira noite, o cansaço era demais que nem pano seco tínhamos para colocar no chão. Dormimos em cima do cobertor molhado mesmo”, detalhou.

Apesar da tragédia que assolou a família, chega a ser impressionante a fé, esperança e a determinação que demonstram. “O fogão só funcionou uma boca. O guarda-roupa está molhado (estufado), mas como não caiu no chão, acho que ainda dá para limpar e usar. Meu filho ainda está pagando as parcelas dele. O microondas foi carregado pela água, mas tenho esperança que se limpar, volta a funcionar”, disse com brilho nos olhos.

A jovem Raiane de Matos de 16 anos mostrou sua tristeza por ter perdido todo o enxoval, fraldas e o berço do seu filho, que ainda nem nasceu. Ela está grávida de seis meses e faria o chá de bebê, dia 19, porém com a perda de tudo que ganhou e, o trabalho árduo do marido, Josivan da Silva, cancelou a comemoração.

Ele estava embriagado quando visitamos a residências da família. Não porque é bêbado, mas sim porque achou no álcool uma maneira de fugir dessa realidade. “Perdemos tudo em menos de dois minutos”, disse.

A inquilina da residência, que mora nos fundos, Michele dos Santos, relatou que quase morreu afogada, porque dormia quando a água invadiu seu quarto. “A água chegou a ficar no meu pescoço, tive que arrebentar a porta da casa para conseguir me salvar”.

Nem mesmo a comporta feita na casa da dona Marli Aparecida Novaes de 54 anos conteve a força da água. O pequeno muro foi derrubado e a enxurrada invadiu a residência, com muita força. Ela limpava sua casa, quando chegamos. “Perdi tudo. Veio derrepente. Fico agoniada, lutamos para ter as coisas e perde assim. Mas, a esperança não pode acabar”, disse.

No quintal dela era possível encontrar o sofá e as cadeiras repletos de barro. No leito do rio Pirajuçara, rua Nicola Gentili, muitas roupas foram descartadas pelos próprios moradores. Elas já não tinham mais uso.

Cada família contou a reportagem que aproximadamente mais de dez anos não enfrentavam uma enchente como essa. Dona Aurenita, enfrentou na última quarta, a 2ª enxurrada de sua vida, já Marli, apesar de ter colocado escada e comporta, também foi alvo novamente da tragédia.















Prefeitura

A prefeitura de Taboão da Serra entregou nesta manhã mais cestas básicas, kits higiene e colchões para as famílias do Jardim Leme. Na quarta após a enchente e quinta, as famílias também receberam a ajuda do órgão. Na ocasião, a Defesa Civil realizava o desassoreamento do córrego Pirajuçara e a limpeza dos bueiros, tanto no Leme, quanto no Jardim Clementino.

De acordo com o coordenador da Defesa Civil, Mário Gomes, 600 famílias foram atingidas pela cheia. Doze residências foram interditadas, duas delas desabaram para dentro do rio e as outras estavam bem próximas do rio. Essas doze famílias receberam bolsa aluguel no valor de R$ 450. Além de auxílio. Ainda, segundo ele, as demais famílias foram convidadas a saírem de suas residências para hotéis, porém não quiseram, ou preferiram ir para casa de parentes.


O prefeito Fernando Fernandes, que visitou diversas casas na manhã de quinta e sábado, afirmou que os moradores prejudicados terão remissão do IPTU. Para isso devem procurar o Departamento de Cadastro, na Prefeitura.

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